sábado, 28 de agosto de 2010
sábado, 7 de agosto de 2010
A escola tá do ca...
Com todo o respeito as pessoas que se pronunciaram a favor do uso de materiais na escola, cujo conteúdo se assemelha ao linguajar contido no Livro “Os cem melhores contos brasileiros do século” de Italo Moriconi (seleção), especificamente o conto “Obscenidades para uma dona de casa” de Ignácio de Loyola Brandão, fico sem entender o critério usado pelo governo para tais classificações. Recentemente, questão de um ano atrás, o governo escrachou e retirou das bibliotecas material similar, com as justificativas: alusão a imagens e textos de cunho pornográfico e palavras obscenas, de autores consagrados na área. Um deles Will Eisner, com adaptações de sua obra para o teatro e para o cinema, Anenida Dropsi, Spirit e Um contrato com Deus, respectivamente, o último título em produção. Outra obra polêmica “Dez na área um na banheira e ninguém no gol”, foram considerandas obras de mau gosto, um lixo e seus autores repudiados. Vejam alguns comentários feitos á época das discussões.
- "SP distribui a escola livro com palavrões"
19.05 - Título da reportagem da "Folha de S.Paulo", que revelou o caso
- "Eu achei um horror isso"
19.05 - Governador José Serra, em entrevista ao "SPTV 1ª Edição", telejornal local da TV Globo
- "Queria saber como isso foi parar nas escolas. Eu sou mãe, o senhor também tem família, filhos, netos. A gente fica até assustado quando acontece uma coisa dessas."
19.05 - Carla Vilhena, apresentadora do "SPTV 1ª Edição", na formulação de pergunta a Serra
- "Eu aliás achei de muito mau gosto. Desenho, tudo"
19.05 - Governador José Serra, na mesma entrevista ao "SPTV 1ª Edição"
- "Responsáveis por cartilhas com conteúdo impróprio serão punidos, diz Serra"
19.05 - Título de vídeo com entrevista de Serra no site do SPTV, sobre o livro em quadrinhos
(Referências retiradas do do pesquisador Paulo Ramos).
Mais uma celeuma protagonizada pelo governo, que indica, sem conhecer o universo da comunidade escolar. Não sou contra nenhum tipo de material, pois tudo pode e deve ser usado como apoio ao ensino. Só discuto as competências para tal. Como educador e pai preocupado com a qualidade e os métodos pedagógicos usados na sala de aula em escolas da rede pública, dentro ou perto de comunidades carentes, a frente de adolescentes cuja família muitas vezes se encontra em dificuldades, tendo que se preocupar com as necessidades mais básicas como: moradia, acomodação, emprego, alimentação, sem contar com as carências afetivas, intelectuais, lazer, com a baixa-estima, entre outros problemas que faz com que o aluno vá para a escola sem esperança de uma vida melhor, muitos vão à escola, porque lá, tem merenda, já que é na escola que ele pode fazer refeições regulares, gostaria de esclarecer alguns equívocos e fornecer um pouco mais de informações para os que não conhecem a realidade da sala de aula, para os educadores que estão afastados do cotidiano escolar nesses últimos cinco anos, portanto, estão com uma imagem defasada daquilo que acontece regularmente no âmbito escolar e ainda aos produtores diretos de conhecimento, me refiro aos nossos Doutores que trabalham na esfera teórica da produção dos saberes e infelizmente, são eles que fornecem e ditam as regras que devem ser adotadas pelos gestores escolares. Logo as informações aqui, poderão lhes ser útil para entender a relação complexa que envolve o ambiente e o contato com esse público.
Para começar, seria importante mostrar aos leitores o que exatamente está escrito no livro, para que os fatos possam ser vistos e analisados a luz da imparcialidade. O leitor que não tem a oportunidade de ler o que e como está no livro, fica a mercê de pontos de vista individuais cuja justificativa mais convincente, é aquela que se apresente mais bem construída ou fundamentada. Se ele tiver acesso ao conteúdo, poderá tirar suas próprias conclusões e discernir melhor as opiniões que se apresentem.
Agora, se o jornal optar em omitir a colocação dos textos em questão, para não constranger seu público, no mínimo tem alguma coisa grave por trás dessa polêmica. Imagine uma professora lendo na sala de aula para os meninos e meninas, que possuem as mais variadas formações, ideologias, criações,etc.?
Então, vamos transcrever aqui alguns trechos, mas, se o jornal os retirar por algum motivo, deixo o endereço do blog onde o leitor poderá conferir se tudo isso tem fundamento ou não -. Veja ou melhor leia abaixo o que está sendo discutidos.
Os bicos dos teus seios saltam desses mamilos marrons procurando minha boca enlouquecida.
Uma vez, o marido tinha dito, resfolegante no seu ouvido, logo depois de casada, minha linda bocetinha. E ela esfriou completamente, ficou dois meses sem gozar.
A tua boca engolindo inteiro o meu cacete e o meu creme descendo pela tua garganta, para te lubrificar inteira.
Num quarto cheio de espelhos, para que você veja como trepo gostoso em você, enfiando meu pau bem fundo,
Que fala em coxas úmidas como a seiva que sai de você e que eu procurei com meus beijos e com este pau que você suga furiosamente cada vez que nos encontramos, como ontem à noite, em pleno taxi, nem se importava com o chofer que se masturbava.
A carta dizia deixo champanhe gelada escorrer nos pelos da tua bocetinha e tomo embaixo com aquele teu gosto bom.
Sou mulher limpa. No entanto me pediu na carta: não se esfregue desse jeito, deixe o cheiro natural, é o teu cheiro que quero sentir, porque ele me deixa louco, pau duro. Repete essa palavra que não uso. Nem pau, nem pinto cacete caralho, mandioca, pica, piça, piaba, pincel, pimba, pila, careca, bilola, banana, vara, trouxa, trabuco, traíra, teca, sulapa, sarsarugo, seringa, manjuba.
Semana passada o maluco me escreve: Queria te ver no sururu, ia te pôr de pé no meio do salão e enfiar minha pica dura como pedra bem no meio da tua racha melada, te fodendo muito, fazendo você gritar quero mais, quero tudo, quero que todo mundo nesta sala me enterre o cacete.
Entrei em pânico quando senti que as pessoas poderiam me aplaudir, gritando bravo, bravo, bis, e sairiam dizendo para todo mundo: “sabe quem fode como ninguém? A rainha das fodas? Eu seria a rainha, miss, me chamariam para todas as festas. Simplesmente para me ver fodendo, não pela amizade, carinho que possam ter por mim, mas porque eu satisfaria os caprichos e as fantasias deles.
Te virar de costas, abrir sua bundinha dura, o buraquinho rosa, cuspir no meu pau e te enfiar de uma vez só para ouvir você gritar.
E então leitor, o que achou? É um texto normal para ser usado sem problema?
Pois bem, esse é o material didático, escolhido pelo governo estadual, para as escolas, para ser entregue aos alunos do 3º ano do ensino médio para ser trabalhado pelos professores na sala de aula.
Agora vamos ao resumo de uma realidade, compartilhada somente pelos que estão na ativa e raramente divulgadas pela mídia.
Nós professores, temos em um espaço limitado, com aproximadamente quarenta ou mais adolescentes oriundos das mais variadas procedências, formações, etnias, gostos, preferências, desejos, opiniões, índoles, criações, etc., convivendo juntos num tempo determinado. Entre eles encontram-se os que gostam, os que não gostam, os que são obrigados, os que não tem opções porque os pais não tem com quem deixá-los, os que tem outros interesses em jogo, em fim, cada um com o seu motivo. Nesse convívio, uns poucos descompromissados, aliado a falta de interesse com o conteúdo trabalhado na hora, se desligam, e a proximidade entre eles permite a troca de informações de interesse multo. Vem a empolgação, o tom da voz começa a se elevar, chega num ponto que começa a atrapalhar as explanações do professor que precisa falar cada vez mais alto para os outros que estão interessados na aula possam ouvir, então solicita moderação no tom de voz desse grupo cujo foco não está em pauta e aí começa um conflito, um jogo de interesse entre o professor e o grupo de adolescentes tentando se afirmar e ocupar seu espaço a seu modo. Em cada sala, basta um grupinho assim para comprometer o andamento da aula que tem hora para começar e terminar, pois o professor lida com atitudes semelhantes constantemente, tentando resolver o mais breve possível, a fim de não comprometer o tempo que lhe resta de aula. São momentos parecidos com esse, que grupos assim se aproveitam para encontrar motivo, por menor que seja, para criar desordem e tumultuar o ambiente escolar. A qualidade da aula fica prejudicada quando o professor passa a mediar conflitos cada vez maiores freqüentes.
Atualmente, os educandos tem ciência de seus direitos. Já perceberam que a escola e os professores perderam a autoridade, autonomia, são responsabilizados por todas as mazelas que permeiam a educação, estão renegados a sub-classe sem nenhum respeito. Exige-se muito e não são dadas condições. As escolar se esfalfam com um quadro reduzido de funcionários, tentando dar conta do recado. Os coordenadores pedagógicos estão tão ocupados com o excesso de burocracia, é tanta papelada para preencher, relatórios para entregar geralmente para ontem, que não existe tempo para ajudar no pedagógico. Observem se tiverem a oportunidade, o interior das escolas, sua estrutura física não permite acomodar sala ambiente. Não temos apoio, o que fazemos é fruto de ações individuais, financiadas pelo próprio professor. Tirar cópias de material para enriquecer o conteúdo das aulas e disponibilizar para os alunos, permite ganhar tempo e facilita a condução das aulas, deveria ser uma prática facilitadora, mas não é. Sala de informática propagada pelo governo existe, mas, poder usá-las, é outra história.
A direção, devido às pressões de seus superiores, dificulta o registro, a divulgação das precariedades de sua unidade.
Os meios de comunicação, em doses homeopáticas, as vezes divulgam algumas notícias a respeito da vida escolar, envolvendo indisciplina, violência, e qualidade de ensino. E a educação no Brasil, sabemos, não anda bem e mesmo se tivéssemos a melhor qualidade, sempre seria possível melhorar.
Então, sem desmerecer o talento ou a veia literária do autor referido, aprendemos e difundimos a idéia que existem obras que são ícones, e que muitos conhecem e até divulgam (vide Decamerão), porém em sala de aula, temos a incumbência de verbalizar corretamente, escrever corretamente, e ao darmos opiniões podemos formá-las ou deformá-las. Então causa espanto alguém criticar severamente uma obra em quadrinhos (Dez na área um na banheira e ninguém no gol), recomendado a priori para as escolas, e em seguida vilipendiada e achincalhada; sabemos que os educandos convivem com cenas e palavras mais torpes imaginadas até nos catecismos de (Zéfiro). Só que imagina se um professor de português sugerir a leitura ainda que silenciosa do texto referido, em salas mistas e cheias do vigor exacerbado da adolescência e juventude; o que ele poderá dizer se o educando recusar-se (temos educandos evangélicos, católicos e com formação familiar), que sentir-se-ão agredidos, vão fazer chacota, ainda mais se a pessoa a ministrar tal tarefa for uma professora.
O que se sugere é que haja mais critério na seleção do que se apresenta para ser trabalhado na sala de aula; pois, se ao nos tornarmos coniventes e usuários de termos chulos; perderíamos a credibilidade e o respeito que ainda pensamos que temos, junto a direção e a família dos aducandos, aos quais nos colocamos a frente diuturnamente para falar de valores, de aspectos morais civilidade e respeito. Existem fases adequadas a cada apresentação de atividades, atitudes e vivências, só que da mesma forma que não falamos aos nossos filhos na primeira idade, como é o processo da fertilização humana (seria denso demais e de difícil assimilação), então existem textos brilhantes e menos agressivos desse autor para ilustrar os exercícios de escrita e literatura.
Se for inevitável que as palavras de baixo calão e os palavrões proliferem, que sejam nos estádios de futebol, nas brigas, agressões e no submundo da bandidagem e nas zonas do baixo meretrício.
Não sugerimos, vejam bem, que devamos tapar o sol com a peneira; falar de coisas que existem, não tão belas, não tão puras, mas saber usar o exercício da profissão de educador e a eloqüência que é peculiar ao professor, para tornar o dia a dia mais coerente com os desígnios da raça humana, do ser pensante, do racional que devemos ser!
Da mesma forma que a edição em quadrinhos, tem o seu valor gráfico e literário (já houve obras de autores internacionais consagrados), também criticadas e repudiadas; deveria haver mais critério na seleção e escolha desses materiais, e a que público se destina, faixa etária e seriação escolar.
O livro encaminhado para uso do 3º ano do ensino médio, é uma seleção de textos brilhantes e criativos que aguçam e fazem a imaginação voar; só que os textos selecionados deveriam ser lidos e pensados como material para o público a que se destina.
Para adultos ou professores com opinião e gosto por autores primorosos modernos ou não, já é
outra história; existem materiais que poderiam render mais, sejam histórias em quadrinhos ou literatura, ou qualquer outra forma de material que transforme a sala de aula num lugar agradável e repleto de bom senso.
Porque não oferecer aos professores da rede pública, que trabalham junto a comunidades, a oportunidade de selecionarem, compilarem e apresentarem materiais para o desenvolvimento das aptidões e conhecimento dos educandos. Se esses profissionais pudessem indicar, projetar e responsabilizar-se por essas inovações (que após serem analisadas, aceitas, reconhecidas e gratificadas), creio que, haveria com certeza, material mais coerente com os ciclos e com o público alvo; e o investimento seria muito menor, em vista da satisfação do mestre escolhido, valorizado e o orgulho dos educandos, que teriam próximo de si o amigo, o profissional que lutou e luta pelo reconhecimento e aceitação dos seus talentos!
Denis Basílio de Oliveira e João Arlindo Teixeira – arte-educadores.
- "SP distribui a escola livro com palavrões"
19.05 - Título da reportagem da "Folha de S.Paulo", que revelou o caso
- "Eu achei um horror isso"
19.05 - Governador José Serra, em entrevista ao "SPTV 1ª Edição", telejornal local da TV Globo
- "Queria saber como isso foi parar nas escolas. Eu sou mãe, o senhor também tem família, filhos, netos. A gente fica até assustado quando acontece uma coisa dessas."
19.05 - Carla Vilhena, apresentadora do "SPTV 1ª Edição", na formulação de pergunta a Serra
- "Eu aliás achei de muito mau gosto. Desenho, tudo"
19.05 - Governador José Serra, na mesma entrevista ao "SPTV 1ª Edição"
- "Responsáveis por cartilhas com conteúdo impróprio serão punidos, diz Serra"
19.05 - Título de vídeo com entrevista de Serra no site do SPTV, sobre o livro em quadrinhos
(Referências retiradas do
Mais uma celeuma protagonizada pelo governo, que indica, sem conhecer o universo da comunidade escolar. Não sou contra nenhum tipo de material, pois tudo pode e deve ser usado como apoio ao ensino. Só discuto as competências para tal. Como educador e pai preocupado com a qualidade e os métodos pedagógicos usados na sala de aula em escolas da rede pública, dentro ou perto de comunidades carentes, a frente de adolescentes cuja família muitas vezes se encontra em dificuldades, tendo que se preocupar com as necessidades mais básicas como: moradia, acomodação, emprego, alimentação, sem contar com as carências afetivas, intelectuais, lazer, com a baixa-estima, entre outros problemas que faz com que o aluno vá para a escola sem esperança de uma vida melhor, muitos vão à escola, porque lá, tem merenda, já que é na escola que ele pode fazer refeições regulares, gostaria de esclarecer alguns equívocos e fornecer um pouco mais de informações para os que não conhecem a realidade da sala de aula, para os educadores que estão afastados do cotidiano escolar nesses últimos cinco anos, portanto, estão com uma imagem defasada daquilo que acontece regularmente no âmbito escolar e ainda aos produtores diretos de conhecimento, me refiro aos nossos Doutores que trabalham na esfera teórica da produção dos saberes e infelizmente, são eles que fornecem e ditam as regras que devem ser adotadas pelos gestores escolares. Logo as informações aqui, poderão lhes ser útil para entender a relação complexa que envolve o ambiente e o contato com esse público.
Para começar, seria importante mostrar aos leitores o que exatamente está escrito no livro, para que os fatos possam ser vistos e analisados a luz da imparcialidade. O leitor que não tem a oportunidade de ler o que e como está no livro, fica a mercê de pontos de vista individuais cuja justificativa mais convincente, é aquela que se apresente mais bem construída ou fundamentada. Se ele tiver acesso ao conteúdo, poderá tirar suas próprias conclusões e discernir melhor as opiniões que se apresentem.
Agora, se o jornal optar em omitir a colocação dos textos em questão, para não constranger seu público, no mínimo tem alguma coisa grave por trás dessa polêmica. Imagine uma professora lendo na sala de aula para os meninos e meninas, que possuem as mais variadas formações, ideologias, criações,etc.?
Então, vamos transcrever aqui alguns trechos, mas, se o jornal os retirar por algum motivo, deixo o endereço do blog onde o leitor poderá conferir se tudo isso tem fundamento ou não -
Os bicos dos teus seios saltam desses mamilos marrons procurando minha boca enlouquecida.
Uma vez, o marido tinha dito, resfolegante no seu ouvido, logo depois de casada, minha linda bocetinha. E ela esfriou completamente, ficou dois meses sem gozar.
A tua boca engolindo inteiro o meu cacete e o meu creme descendo pela tua garganta, para te lubrificar inteira.
Num quarto cheio de espelhos, para que você veja como trepo gostoso em você, enfiando meu pau bem fundo,
Que fala em coxas úmidas como a seiva que sai de você e que eu procurei com meus beijos e com este pau que você suga furiosamente cada vez que nos encontramos, como ontem à noite, em pleno taxi, nem se importava com o chofer que se masturbava.
A carta dizia deixo champanhe gelada escorrer nos pelos da tua bocetinha e tomo embaixo com aquele teu gosto bom.
Sou mulher limpa. No entanto me pediu na carta: não se esfregue desse jeito, deixe o cheiro natural, é o teu cheiro que quero sentir, porque ele me deixa louco, pau duro. Repete essa palavra que não uso. Nem pau, nem pinto cacete caralho, mandioca, pica, piça, piaba, pincel, pimba, pila, careca, bilola, banana, vara, trouxa, trabuco, traíra, teca, sulapa, sarsarugo, seringa, manjuba.
Semana passada o maluco me escreve: Queria te ver no sururu, ia te pôr de pé no meio do salão e enfiar minha pica dura como pedra bem no meio da tua racha melada, te fodendo muito, fazendo você gritar quero mais, quero tudo, quero que todo mundo nesta sala me enterre o cacete.
Entrei em pânico quando senti que as pessoas poderiam me aplaudir, gritando bravo, bravo, bis, e sairiam dizendo para todo mundo: “sabe quem fode como ninguém? A rainha das fodas? Eu seria a rainha, miss, me chamariam para todas as festas. Simplesmente para me ver fodendo, não pela amizade, carinho que possam ter por mim, mas porque eu satisfaria os caprichos e as fantasias deles.
Te virar de costas, abrir sua bundinha dura, o buraquinho rosa, cuspir no meu pau e te enfiar de uma vez só para ouvir você gritar.
E então leitor, o que achou? É um texto normal para ser usado sem problema?
Pois bem, esse é o material didático, escolhido pelo governo estadual, para as escolas, para ser entregue aos alunos do 3º ano do ensino médio para ser trabalhado pelos professores na sala de aula.
Agora vamos ao resumo de uma realidade, compartilhada somente pelos que estão na ativa e raramente divulgadas pela mídia.
Nós professores, temos em um espaço limitado, com aproximadamente quarenta ou mais adolescentes oriundos das mais variadas procedências, formações, etnias, gostos, preferências, desejos, opiniões, índoles, criações, etc., convivendo juntos num tempo determinado. Entre eles encontram-se os que gostam, os que não gostam, os que são obrigados, os que não tem opções porque os pais não tem com quem deixá-los, os que tem outros interesses em jogo, em fim, cada um com o seu motivo. Nesse convívio, uns poucos descompromissados, aliado a falta de interesse com o conteúdo trabalhado na hora, se desligam, e a proximidade entre eles permite a troca de informações de interesse multo. Vem a empolgação, o tom da voz começa a se elevar, chega num ponto que começa a atrapalhar as explanações do professor que precisa falar cada vez mais alto para os outros que estão interessados na aula possam ouvir, então solicita moderação no tom de voz desse grupo cujo foco não está em pauta e aí começa um conflito, um jogo de interesse entre o professor e o grupo de adolescentes tentando se afirmar e ocupar seu espaço a seu modo. Em cada sala, basta um grupinho assim para comprometer o andamento da aula que tem hora para começar e terminar, pois o professor lida com atitudes semelhantes constantemente, tentando resolver o mais breve possível, a fim de não comprometer o tempo que lhe resta de aula. São momentos parecidos com esse, que grupos assim se aproveitam para encontrar motivo, por menor que seja, para criar desordem e tumultuar o ambiente escolar. A qualidade da aula fica prejudicada quando o professor passa a mediar conflitos cada vez maiores freqüentes.
Atualmente, os educandos tem ciência de seus direitos. Já perceberam que a escola e os professores perderam a autoridade, autonomia, são responsabilizados por todas as mazelas que permeiam a educação, estão renegados a sub-classe sem nenhum respeito. Exige-se muito e não são dadas condições. As escolar se esfalfam com um quadro reduzido de funcionários, tentando dar conta do recado. Os coordenadores pedagógicos estão tão ocupados com o excesso de burocracia, é tanta papelada para preencher, relatórios para entregar geralmente para ontem, que não existe tempo para ajudar no pedagógico. Observem se tiverem a oportunidade, o interior das escolas, sua estrutura física não permite acomodar sala ambiente. Não temos apoio, o que fazemos é fruto de ações individuais, financiadas pelo próprio professor. Tirar cópias de material para enriquecer o conteúdo das aulas e disponibilizar para os alunos, permite ganhar tempo e facilita a condução das aulas, deveria ser uma prática facilitadora, mas não é. Sala de informática propagada pelo governo existe, mas, poder usá-las, é outra história.
A direção, devido às pressões de seus superiores, dificulta o registro, a divulgação das precariedades de sua unidade.
Os meios de comunicação, em doses homeopáticas, as vezes divulgam algumas notícias a respeito da vida escolar, envolvendo indisciplina, violência, e qualidade de ensino. E a educação no Brasil, sabemos, não anda bem e mesmo se tivéssemos a melhor qualidade, sempre seria possível melhorar.
Então, sem desmerecer o talento ou a veia literária do autor referido, aprendemos e difundimos a idéia que existem obras que são ícones, e que muitos conhecem e até divulgam (vide Decamerão), porém em sala de aula, temos a incumbência de verbalizar corretamente, escrever corretamente, e ao darmos opiniões podemos formá-las ou deformá-las. Então causa espanto alguém criticar severamente uma obra em quadrinhos (Dez na área um na banheira e ninguém no gol), recomendado a priori para as escolas, e em seguida vilipendiada e achincalhada; sabemos que os educandos convivem com cenas e palavras mais torpes imaginadas até nos catecismos de (Zéfiro). Só que imagina se um professor de português sugerir a leitura ainda que silenciosa do texto referido, em salas mistas e cheias do vigor exacerbado da adolescência e juventude; o que ele poderá dizer se o educando recusar-se (temos educandos evangélicos, católicos e com formação familiar), que sentir-se-ão agredidos, vão fazer chacota, ainda mais se a pessoa a ministrar tal tarefa for uma professora.
O que se sugere é que haja mais critério na seleção do que se apresenta para ser trabalhado na sala de aula; pois, se ao nos tornarmos coniventes e usuários de termos chulos; perderíamos a credibilidade e o respeito que ainda pensamos que temos, junto a direção e a família dos aducandos, aos quais nos colocamos a frente diuturnamente para falar de valores, de aspectos morais civilidade e respeito. Existem fases adequadas a cada apresentação de atividades, atitudes e vivências, só que da mesma forma que não falamos aos nossos filhos na primeira idade, como é o processo da fertilização humana (seria denso demais e de difícil assimilação), então existem textos brilhantes e menos agressivos desse autor para ilustrar os exercícios de escrita e literatura.
Se for inevitável que as palavras de baixo calão e os palavrões proliferem, que sejam nos estádios de futebol, nas brigas, agressões e no submundo da bandidagem e nas zonas do baixo meretrício.
Não sugerimos, vejam bem, que devamos tapar o sol com a peneira; falar de coisas que existem, não tão belas, não tão puras, mas saber usar o exercício da profissão de educador e a eloqüência que é peculiar ao professor, para tornar o dia a dia mais coerente com os desígnios da raça humana, do ser pensante, do racional que devemos ser!
Da mesma forma que a edição em quadrinhos, tem o seu valor gráfico e literário (já houve obras de autores internacionais consagrados), também criticadas e repudiadas; deveria haver mais critério na seleção e escolha desses materiais, e a que público se destina, faixa etária e seriação escolar.
O livro encaminhado para uso do 3º ano do ensino médio, é uma seleção de textos brilhantes e criativos que aguçam e fazem a imaginação voar; só que os textos selecionados deveriam ser lidos e pensados como material para o público a que se destina.
Para adultos ou professores com opinião e gosto por autores primorosos modernos ou não, já é
outra história; existem materiais que poderiam render mais, sejam histórias em quadrinhos ou literatura, ou qualquer outra forma de material que transforme a sala de aula num lugar agradável e repleto de bom senso.
Porque não oferecer aos professores da rede pública, que trabalham junto a comunidades, a oportunidade de selecionarem, compilarem e apresentarem materiais para o desenvolvimento das aptidões e conhecimento dos educandos. Se esses profissionais pudessem indicar, projetar e responsabilizar-se por essas inovações (que após serem analisadas, aceitas, reconhecidas e gratificadas), creio que, haveria com certeza, material mais coerente com os ciclos e com o público alvo; e o investimento seria muito menor, em vista da satisfação do mestre escolhido, valorizado e o orgulho dos educandos, que teriam próximo de si o amigo, o profissional que lutou e luta pelo reconhecimento e aceitação dos seus talentos!
Denis Basílio de Oliveira e João Arlindo Teixeira – arte-educadores.
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