domingo, 11 de maio de 2008

Indisciplina – sinal de intranqüilidade mútua

Uma sala em especial está dando um trabalho maior para os professores da E. E. Cel. A. G., talvez por concentrar mais alunos indisciplinados juntos e isso está afetando o processo de ensino e aprendizagem, bem como o trabalho do educador. Várias tentativas feitas pelos professores para resolver o problema foram tentadas, mas não obtiveram sucesso. Alguns nomes se tornaram muito conhecidos por todos da escola em razão da indisciplina, praticamente todos os dias aqueles mesmos alunos, são retirados da sala por atrapalharem o andamento da aula. Existe um consenso em torno de um método adotado para o professor conseguir bons resultados sem muito desgaste, com a participação e o envolvimento do grupo; é bem simples e eficiente: retirando esses alunos que não querem estudar da sala. Com esta tática, as aulas acontecem com bastante tranqüilidade e os alunos participam das atividades levantando questões e esclarecendo dúvidas.
Não podemos retirar aluno da sala, temos que trabalhar com todos e passar o conteúdo programado. Para a maioria me incluo nela, a situação fica cada vez mais difícil e a sensação de impotência aliada à incompetência por não dominar a sala com a presença desses alunos, vai desestimulando o educador, a insistência para solucionar o problema mina a energia e desmotiva.
Acredito que deve existir alguém que possa encontra soluções para tais dilemas contemporâneos, todas as sugestões são bem-vindas. Não consigo aceitar essa situação por isso abro espaço para o registro e conseqüentemente ao pedido de ajuda a fim de continuar tentando resolver ou entender este dilema que nos persegue.
Conversei com outros profissionais sobre o assunto e levei o problema para o Curso de Docência no ensino Superior, o qual faço parte como aluno, solicitando ajuda, o que foi muito produtivo, pois tentarei aplicar um dos métodos sugeridos que também é objeto de estudo de pesquisadores, entre os quais tenho o privilégio de tê-los como meus professores e neste momento como orientadora para a produção de texto, parte das atividades complementares do curso, sito a professora Dr. Ana Maria Sanches Varella.
O fato de estar escrevendo a respeito de questões pertinentes ao meio em que vivo, motiva, inspira e torna o trabalho relevante, aplico a interdisciplinaridade assunto tratado no curso. Gosto de trabalhar sabendo que a produção terá um alcance maior do que a simples avaliação. Ter uma utilidade, um sentido como as ações interdisciplinares, para dar sentido e emoção ao trabalho que faz parte do meu dia-a-adia. O curso provocou e levou a reflexões acerco do universo escolar de maneira que agora fica difícil permanecer quieto diante de situações conflituosas e que possam prejudicar o trabalho docente.
O método que pretendo experimentar consiste em conhecer um pouco a vida dessas pessoas fora da escola, o que fazem, o que gostam, quem são seus amigos, sua relação familiar etc, para procurar entender os motivos que levam a agirem com tanta indiferença e falta de compromisso com as questões escolares. Não pretendo questionar nem discutir a vida de ninguém, não é esse objetivo, tampouco teria competência para tal, a intenção é melhorar o relacionamento, conhecer melhor os alunos e fazê-los perceber que são importantes e nos preocupamos com eles.
Será um trabalho que aparentemente não tem ligação com os conteúdos estipulados no plano de ensino em primeiro momento. Busca-se a atenção desses educandos, depois conscientizá-los de que são pessoas presentes e envolvidas no mundo e na comunidade, capazes de fazer qualquer coisa que desejem dentro das possibilidades reais, resgatar a auto-estima e dar esperança de uma vida melhor.
Começarei contando a minha história para mostrar que minha realidade é igual a deles, não precisam esconder nada e em que nível deve ser conduzida a conversa, depois permitir que contem as suas histórias procurando criar um clima de confiança e amizade em que todos podem falar e serem ouvidos, já que o que fazem na sala é falar, essa iniciativa, tem o propósito de dar voz aos alunos para que se assumam como seres integrados na sociedade com direito a pensar e expor o pensamento. Talvez assim possamos travar um diálogo onde haja o respeito pelo outro, a aceitação de opiniões opostas, o cumprimento de normas que forem acertadas por ambas partes, para depois retomar o processo de ensino com sentido e entendimento dos conteúdos programados.

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Rumos da educação

Vou descrever o que está acontecendo na Unidade de Ensino a qual me encontro atualmente para saber se é um fato isolado ou se este tipo de problema também está acontecendo em outras escolas. O objetivo é analisar e discutir os acontecimentos e a prática escolar a fim de encontrar soluções que possam resolver ou pelo menos aliviar o problema.
Da mesma maneira como as pessoas mudam e o mundo se transforma, nossos educandos também mudam e se transformam numa velocidade cada vez maior. Os meios de comunicação como a tevê, a informática e a Internet, são as principais influências. Faço esta colocação para lembrar o que foi usado no passado, comparando métodos adotados por educadores que viveram outras épocas e não estão surtindo mais efeito em nosso tempo, portanto carecem de inovações. Muitos métodos de ensino estão à disposição e são conhecidos por todos. Acredito no método pessoal, no método em que cada um conhece, domina e deve ser usado no contexto em que foi inserido, (falarei a respeito mais adiante). Não sou contra as pedagogias consagradas nem irei discuti-las neste momento, só quero alertar para a mudança necessária, incluindo novos métodos ou adotando antigos, adequando ao momento em que estamos vivendo.
Como protagonistas vivenciando esta era de mudanças, precisamos encontra soluções novas para enfrentar essa realidade.
Para uma minoria de alunos, parece não existir mais ninguém além deles, procuro conversar, orientar, saber o que está havendo e simplesmente o aluno ignora não dá a mínima para o que se diz, continuam conversando como se estivessem no intervalo, tentam-se várias maneiras para fazer o educando perceber o sentido dele estar ali na escola, em vão! Falam sem constrangimento que não pretendem fazer nenhuma atividade e não fazem, o pior é que atrapalham os colegas que desejam estudar, tentam prestar atenção às explicações e são prejudicados por esse grupinho. Muitas tentativas são feitas para entender o que eles desejam, experimentei estratégicas diferentes que possam despertar-lhes o interesse, assuntos do dia-a-dia que eles possam gostam, até agora não surtiu efeito. Continuam destruindo a escola literalmente, com pichações, quebrando vidros, portas, brigando, etc. E agora com agressões, como a observada na última sexta-feira contra uma colaboradora (bedel). Será que acontecem situações como esta em outras escolas???
No jornal matutino do SBT às 6:40h do dia 22/04/08, assisti uma reportagem sobre violência nas escolas e uma aluna declarou: - “Eu saí da outra escola por causa da insegurança, e aqui está igual.” Houve um aumento de 40% nas denúncias referentes a violências feitas por escolas públicas este ano.
As crianças estão procurando uma escola que as recebam com dignidade para estudar e não estão encontrando. Quem deveria ter proteção, respeito e atenção, está sendo excluído, discriminado. Os bem intencionados estão sendo conduzidos a contra gosto, para o lado mal, perverso. Não é tarefa fácil educar quem está disposto. Imagine ensinar uma pessoa em determinado tempo quando não deseja?
A rebeldia desses alunos pode ser um grito de protesto que ainda não deciframos, podem querer mudanças e não sabem de que tipo nem qual, o certo é que protestam contra uma situação que não atende seus interesses. Eles não sabem, mas nós sabemos, e deveríamos nos unir a eles. Os anseios deles são nossos, estão clamando por melhores condições de ensino, estrutura para uma aprendizagem envolvente e eficaz, liberdade para aprender, oportunidade de escolha, alegria e encantamento ao descobrir novos caminhos.
Para efetivar essa realidade, basta confiar e dar condições a cada educador para ele cumprir sua função. Esta é a nossa luta e nossos alunos estão dando a dica. Alguns ainda não perceberam, mas eles com essa atitude já estão lutando por nós. Vamos juntos levantar essa bandeira e apoiar a iniciativa para uma educação moderna de qualidade. Os problemas são muitos, as dificuldades maiores ainda, é uma luta pelo bem do País. Cabe a nós que estamos no campo de batalha, conscientes dos reais problemas, encontrar e testar caminhos para conduzir a nação para uma vida digna.
Os educandos não acreditam nos conteúdos ministrados na sala de aula, porque não percebem o real valor daquilo que lhes é apresentado, nem sua importância para o dia-a-dia.
Para eles o ensino é uma informação subjetiva.
Eles vão encontra sentido nas disciplinas no momento em que o educador apresentar sua aplicação prática no mundo em que ele atua.
Os professores também estão numa luta sem sentido, sem valorização e sem estrutura.
Vamos valorizar o sentido da nossa prática como educadores, participando deste projeto que visa atender as necessidades dos educandos e dos educadores em prol de um ensino que proporcione o prazer ao ensinar e ao aprender.
O projeto foi dividido em etapas, é aberto a todos os interessados em colaborar com sugestões ou críticas. Nesse momento o texto com os tópicos ou para quem preferir, as “reivindicações” está em processo de construção, em breve uma parte estará disponível e após sua conclusão final apresentaremos aos órgãos responsável para dividirmos a responsabilidade do sucesso ou fracasso do ensino no Brasil. Com estrutura, liberdade de atuação, verba para unidade de ensino realizar os projetos, número respeitável de alunos por sala, formação, especialização, divisão das tarefas, envolvimento da família, compromisso do aluno e remuneração digna para os educadores, atingiremos bons resultados.
Nesta empreitada venceremos com união, estratégia, fundamentação e persistência.
Desde já, cada um pode começar a se preparar munindo-se de informação para umas aulas especiais a serem ministradas no mês de setembro deste ano (2008), com o objetivo de conscientizar alunos, pais e comunidade em geral sobre as obrigações dos vereadores, deputados federais e estaduais, senadores, ministros e secretários, legislando em causa própria recebendo belos salários, deixando a população com o mínimo para sobreviver, esvaziando os cofres públicos descaradamente, generalizando a corrupção, entre outros itens a serem abordados nas aulas. Será uma forma civilizada de atuação com o propósito de incomodar os políticos, lembrá-los de suas responsabilidades, colocando os temas transversais e interdisciplinares que eles esqueceram como Ética, Moral, Bons Costumes, Cidadania, Humanidade, Respeito, Meio Ambiente, Justiça, Direitos, Deveres entre outros.
No dia 22/04/08 às 6:35h, o jornal do SBT mostrou policiais ensacando, mais de R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais) encontrados na casa do prefeito de Juiz de Fora MG, dinheiro que deveria ser usado em beneficio da comunidade. Para não perder o cargo, antecipou suas férias. Eles fazem as leis para se beneficiar delas, como fez esse prefeito.
Somos responsáveis por esta situação se não agirmos.
Sua participação será decisiva neste projeto que visa o nosso bem.

E-mail:
denisquadrinhos@gmail.com
nosso canal de comunicação:

quinta-feira, 10 de abril de 2008

Em busca de soluções

Caros colegas professores
Pelas atitudes dos nossos governantes, é possível perceber a falta de interesse e o descaso com a educação. Os motivos podem ser muitos, porém o mais importante e que todos já conhecem, é impedir o surgimento de uma população crítica, disposta a enfrentar e defender seus ideais, pois no momento em que podem ler, informar-se a respeito de seus direitos, sabendo quais os deveres dos parlamentares podendo acompanhar os seus trabalhos e discutir o que é bom para a população, a cobrança será inevitável, o que causará grandes problemas para os que vivem as custas do dinheiro público beneficiando-se por meio da corrupção.
Ficar a espera que o sindicato resolva o nosso problema, não adianta, incitando greves, não dá resultado, ficar parado colocando a culpa em alguém também não ajuda em nada, muito menos desabafar com o colega sem aprofundar o assunto.
Pensando em uma solução a médio prazo e que chamará a atenção dos políticos para a nossa causa, a proposta que pretendo apresentar, baseada no livro “A arte da guerra” de Sun Tzu e Sun Pin, o livro de cabeceira que eles adotaram para se dar bem em suas investidas.
Primeiro, devemos conhecer o nosso adversário seus pontos fortes e fracos, o que ele pensa, como age, seus objetivos e suas estratégias. Tudo isso sabemos. Agora é hora de montarmos a nossa estratégia, fazê-los perceber a nossa força e agir com o intuito de incomodá-los.
Como isso é possível? Simples. Usaremos a Internet como nosso “Quartel General” (QG) para discutir nossas ações. Sugiro o mês que antecede as eleições para dar início ao plano de ataque sem danos a população, ao educando e muito menos ao nosso bolso.
Já pararam para pensar no tempo que os políticos tem para dar o seu recado aos seus eleitores? E como isso repercute na cabeça das pessoas? Pois é. Temos muito mais tempo que eles e podemos usar esse tempo para conscientizar os alunos, pais e comunidade em geral a respeito do que o governo deveria fazer para atender melhor a população, explicando porque as escolas estão sucateadas deste jeito, porque falta material para os alunos, o que é corrupção, quem são os corruptos, quanto de impostos é arrecadado, como é empregado, o que o governo gasta, quanto ganha cada parlamentar somando todas as verbas com assessores, transporte, moradia, xerox, telefonia, ajuda de custo com alimentação, viagens, etc., comparando com o salário que os pais ganham para passar o mês, além da falta de trabalho que assola o país, fica claro que estamos caminhando para a linha da miséria. O nosso trunfo é o da comunicação direta com as pessoas, se os políticos usam a palavra para convencer, nós também podemos e devemos usar, para clarear a mente de nossa gente, contra os que estão dirigindo e mal o nosso destino.
Todos nós professores independente da disciplina, entraremos normalmente na sala para passar a mensagem de conscientização. O tema das aulas: os deveres não cumpridos de nossos governantes e a falta de vontade em resolver os problemas que nos aflige. O descaso com a saúde, com a segurança, moradia, trabalho, e principalmente com a educação. Passaremos a discutir estas questões, apontando culpados quando houver, só parando, quando nossas reivindicações forem atendidas. Em primeira instância podemos ficar durante o mês de setembro inteiro para saber o quanto o governo está disposto a dialogar e resolver o problema. Enquanto isso faremos um texto em conjunto solicitando melhores condições de trabalho.
Desde já agradeço os colaboradores que puderem enviar sugestões para elaborarmos as aulas de conscientização, e propostas para melhores condições de vida e de trabalho que comporão o dossiê.
Gostaria de amadurecer a idéia com vocês. Vamos nos comunicar.
O endereço (QG) é redepublica.blogspot.com > E-mail: denisquadrinhos@gmail.com

Olá Professores da Rede Pública de Ensino

Estamos vivendo momentos difíceis, mas graças ao empenho de todos, o compromisso que temos com a educação, continuamos firmes com a nossa árdua tarefa de educar.
Estou assistindo nos noticiários casos lamentáveis de agressão e violência entre os adolescentes com bastante freqüência, colegas professores, que faltam às aulas devido ao estresse, ameaçados por alunos e nós estamos presenciando atitudes que não condizem com a faixa etária das crianças.
Ao longo desses últimos três anos venho observando essa mudança de comportamento dos alunos ouvindo relatos de outros professores e na maioria das vezes, esses relatos ficam perdidos no ar, ou seja, não são registrados.
A gota d’água foi a entrevista da Secretária da Educação Maria Helena Guimarães de Castro na revista veja de 13/02/2008.
Caros colegas, podemos reverter este quadro, somos em maior número, vivenciamos as situações cotidianamente e nos deixamos levar por imposições de burocratas que nunca tiveram contato com a realidade da sala de aula atualmente, e, como sempre o fazem, nos colocam contra a parede, como únicos responsáveis pela má qualidade em que o ensino se encontra. Claro que somos responsáveis na medida em que sabemos quais são os problemas e não nos manifestamos para sugerir soluções. A realidade de cada região é muito diferente de outra, não dá para adotar uma fórmula para todas, estamos lidando acima de tudo com seres humanos em formação, sabemos que cada um é único, mesmo com irmãos gêmeos um é diferente do outro, imagine o número de alunos de uma sala de aula com desejos, expectativas, interesses, personalidades e culturas para serem trabalhados em tempo reduzido, é complicado ainda mais sem estrutura. Enquanto pensava neste texto, estava ouvindo uma reportagem, no jornal Bom Dia Brasil da Rede Globo dia 27/03/08 às 7:40h, comentando as intenções do governo em investir em tornozeleiras para rastrear presos que receberão liberdade condicional. Imediatamente veio a imagem dos alunos que não tém condições econômicas de freqüentar a escola, a falta de material e as precárias condições em que se encontram. Pensei como provavelmente vocês também estão pensando, se houvesse maior investimento na educação, muitos problemas poderiam ser evitados, e não precisaria gastar tanto com a segurança e outros serviços sociais. O governo procura medidas paliativas e ignora a solução nas bases.
Lembre, como educador você é um eterno pesquisador falta armazenar fundamentação baseada em suas experiências verdadeiras para iniciar uma discussão que pode culminar em resultados positivos para todos, professores e alunos.
O poder da academia é grande, só seremos ouvidos quando entramos em seu território. E para sermos reconhecidos, temos que apresentar um documento com a linguagem que eles reconhecerão “um texto científico escrito pelas normas brasileiras e fundamentado ”. Temos as informações, somos acadêmicos, enfrentamos e solucionamos todos os dias as questões de ensino e aprendizagem. Sejamos autores e produtores registrando nossas experiências para, com propriedade, encaminhar aos teóricos e aí discutir em cima de uma realidade concreta. Como produtores de conhecimento é hora de aproveitar a ocasião e nos fortalecermos, usando os meios disponíveis, coerentes com a nossa formação intelectual e enfrentar a situação com mais objetividade, sem a sensação de desabafo ou fofoca de grupinhos isolados como vem acontecendo. Assim não nos levarão a sério. A academia só reconhece e aceita uma informação como verdadeira, na linguagem escrita. E o que temos mostrado? Está na hora de parar, refletir e agir. Cobramos uma produção de nossos alunos e não apresentamos nenhuma. Fazemos parte do cosmos, não dá para viver isoladamente, vamos nos conectar; a tecnologia está para nos servir, somos superiores a qualquer outro ser, porque temos consciência das coisas. Nossa união tem o poder da bomba atômica, mas este poder está desmontado com o egoísmo e a individualidade. Você é o problema e ao mesmo tempo a solução. Em que lado vai ficar?
“Se a cabeça não pensa o corpo padece”, dito popular que estamos vivenciando, sentindo na pele, porque não estamos pensando, me refiro a registrar os pensamentos, expor publicamente. Chega de chorar pelos cantos, lamentando ou colocando a culpa em outra pessoa (governo). É hora de agir, pensar e tirar o corpo desse padecimento.
Comece, relatando o seu dia-a-dia, suas dificuldades, deixando de ser vítima passiva, para se tornar ativa. Teremos mais chances de sobreviver se lutarmos unidos. Um meio para se chegar a isso é através de uma rede de comunicação que ligue nossos pensamentos, mantendo-nos informados. Sabendo o pensamento do colega, chegaremos a um consenso que mobilize um número maior de pessoas sérias, bem intencionadas cujo resultado renda boas idéias. A fala de um, na percepção de outro pode ampliar sua abrangência. É hora de sair do casulo (egóico) e mostrar a grande pessoa que você é, compartilhe seus pensamentos conosco.
Proponho a todos os envolvidos com a educação a produção de um material escrito (nosso documento) a fim de refletir, discutir, criticar, relatar, questionar, aprovar desaprovar em fim, registrar as questões que norteiam o ensino e a aprendizagem bem como apontar soluções que possam ir ao encontro de nossas necessidades e para tal disponibilizo o blog: http://redepublica.blogspot.com , como meio de intercâmbio e armazenamento dos textos. Sugiro uma forma de produção que contemple todos. Antes, gostaria de expor algumas possíveis preocupações referentes a essa tarefa.
Escrever não é fácil muitos estão comprometidos com mais de uma entidade de ensino o que nos sobrecarrega, dificultando a nossa produção, outros porque não possuem o hábito de escrever, receio de tropeçar na gramática ou tém medo de se expor, cada um com a sua dificuldade, é bom saber que no mínimo servirá de exercício para nos reciclar e termos a coragem de aprender com os erros, pois ele é o maior responsável pelo aprimoramento individual. Aprendemos quando aceitamos críticas encarando-as com naturalidade.
O que interessa é saber o que você pensa, sua idéia, portanto exponha sem medo de tropeçar nas palavras, ao concluir, consulte um dicionário e se precisar peça ajuda a um colega para revisar o texto, estamos sempre aprendendo lembre-se disso.
Um método didático bem interessante para iniciar a proposta.
Um de nós elabora um texto reflexivo, coloca-o a disposição do grupo. Cada um que for lendo, comenta, justificando o seu ponto de vista, concordando, discordando ou levantando outras questões, na seqüência a outra pessoa lerá os textos anteriores e com base neles, comentará e assim montaremos uma corrente (do bem) com cabeças pensantes, preocupadas com a educação e com o futuro de nossa sociedade.
Funcionará como um “Diário de Bordo” para impedir que continuemos à deriva.
Compilaremos as informações em um único documento com o nome dos colaboradores sempre disponível para todos poderem opinar livremente.
Não importa o tempo que essa atividade levará, o importante será o resultado alcançado, podendo aparecer sugestões que levem a estratégicas funcionais mais eficazes do que as greves de cunho político elaboradas pelo sindicato. Não descartando o valioso apoio legal oferecido por ele. Nosso texto (dossiê), servirá de base para possíveis negociações frente ao governo, só que agora com argumentos palpáveis e estruturados, acabando com a improvisação e o amadorismo.

A seguir divulgo a resposta dada por Gabriel Perissé acerca da entrevista da secretária na revista Veja. Se concordarem, este pode ser o nosso texto base para dar início a nossa reflexão.
Olhem com freqüência para saber como anda a nossa produção.
Abraços
Denis Basílio de Oliveira.

domingo, 30 de março de 2008

LEITURAS DE VEJA

Por Gabriel Perissé em 19/2/2008
A edição nº 2047 (de 13/2/2008) da revista Veja dedicou um espaço considerável ao tema da educação nacional. A entrevista com a secretária estadual de Educação em São Paulo, Maria Helena Guimarães de Castro, e os artigos dos economistas Claudio de Moura Castro e Gustavo Ioschpe compõem uma espécie de concepção "vejiana" da educação.
A secretária Maria Helena enfatiza que um dos maiores problemas da deplorável situação da educação em São Paulo (leia-se, por exemplo,
matéria da Folha, publicada faz um ano) é o insatisfatório nível profissional dos professores. Os professores seriam incapazes de dar boas aulas. Quando a jornalista Monica Weinberg lhe pergunta qual o caminho para melhorar esse nível, a resposta da secretária é, digamos, corajosa: "Num mundo ideal, eu fecharia todas as faculdades de pedagogia do país, até mesmo as mais conceituadas, como a da USP e a da Unicamp, e recomeçaria tudo do zero." Essas faculdades apenas perpetuariam "baboseira ideológica".
Maria Helena é socióloga, mestre em Ciência Política pela Unicamp e, segundo
informações oficiais, está concluindo doutorado na USP em Ciências Sociais. Sua crítica, portanto, é de quem se sente apta a julgar como totalmente ineficazes os professores que ao longo das últimas décadas deram o tom da formação pedagógica brasileira. Pensemos nas aulas, conferências e escritos de Dermeval Saviani (Unicamp) e Antonio Joaquim Severino (USP), para mencionar, entre tantos outros, dois acadêmicos de prestígio.
O modelo da gincana
Seriam os doutores em pedagogia os principais responsáveis por fomentar vários mitos que atrapalham a educação pública. Para Maria Helena, é um mito afirmar que o aumento salarial dos professores ou um plano de carreira influenciariam a melhoria do ensino. Na sua opinião, dinheiro (para falar curto e grosso) não resolve. A menos que esteja vinculado a uma "política de reconhecimento do mérito". Por isso, a secretária pretende pagar bônus a todos os que, numa escola – funcionários, professores e diretor – "levarem" os alunos a alcançar determinadas metas de bom desempenho. Os bônus poderão chegar a três salários por ano.
Imagina Maria Helena que os professores, motivados pela perspectiva de um prêmio pecuniário, insuflados pela súbita adoção da meritocracia (como se esta existisse no plano político...), realizarão o milagre de transformar a realidade educacional. Essa metodologia do burro atrás da cenoura sussurra aos ouvidos do professor: "Quer mais dinheiro? Então trabalhe mais!" Não leva em conta os problemas reais que tornam a boa vontade e o esforço do docente, por maiores que sejam, fonte de mais estresse. Contudo, e vai aqui simplória sugestão — uma vez que os bônus estarão condicionados ao desempenho dos alunos, por que não prometer também aos estudantes uma participação? Uns 5% poderiam incentivá-los a colaborar com essa escola de resultados!
A idéia simplista de que a repetência, o abandono escolar (vale a pena ler matéria do
Correio Braziliense), o desinteresse crônico, a indisciplina, o fraco rendimento etc. devem-se sobretudo à falta de bons "dadores de aula" demonstra que o estilo "PSDB" de governar não tem condições de analisar a realidade educacional e oferecer soluções melhores do que o modelo da gincana. Quem correr mais, quem tiver sorte e/ou for mais criativo, atinge os objetivos, ganha pontos e arrebata o prêmio.
Formação humanística
Não poucos alunos enfrentam problemas fora da escola (famílias desestruturadas, ambiente social adverso, falta de valores, de referências, carências alimentares e de saúde) e esses problemas geram novas e complexas dificuldades na sala de aula, associadas a outros mil problemas que independem de uma boa aula. Aliás, impedem a boa aula que o bom professor porventura preparou. Como poderá a cenoura bonificadora fazer professores e diretores deterem o tráfico de drogas que invade as escolas, consertarem móveis quebrados, reformarem os banheiros, transformarem salas sem ventilação em paraísos didáticos, evitarem a violência entre os alunos?
Há professores despreparados? Há. Escolheram o magistério por idealismo (acreditaram na pedagogia do amor à la Gabriel Chalita, ex-secretário da Educação no tempo de Geraldo Alckmin) ou por falta de alternativas. São sobreviventes de um ensino básico sofrível, de um ensino médio deficiente, falta-lhes até mesmo estrutura física e emocional para dar conta da sobrecarga de classes, expediente necessário na luta por somar salários.
Há professores que faltam muito? Sim. Os que faltam, não raro, fogem das condições de trabalho: indisciplina incontrolável, humilhações e arbitrariedades que usurpam sua autonomia, falta de recursos materiais, falta de tempo e de saúde por excesso de atividades. Lembrando que a maioria feminina entre os docentes põe em jogo outra questão para além da sala de aula. São as mulheres que, professoras com 30 a 40 horas/aula por semana, estão sobrecarregadas também pelas tarefas domésticas.
E não só isso. Educar, ensinar, é tão ou mais exigente do que outras exigentes profissões. Requer a prática da comunicação, o dom da invenção, a capacidade de avaliar (intuitiva e objetivamente) o comportamento humano (de crianças e adolescentes!), forte autonomia profissional, virtudes que só se desenvolvem com formação humanística prévia e auto-aprendizagem contínua. Estas, por sua vez, implicam leitura, reflexão, acesso à cultura no sentido amplo, apoio profissional (bons cursos, boas oficinas, orientação didática, ajuda psicológica) e tranqüilidade econômica.
Salário não é tudo, mas...
Como uma espécie de comprovação das opiniões da secretária, Claudio de Moura Castro escreve na mesma edição da Veja um artigo igualmente curto e grosso: "
Salário de professor". Baseado em que, segundo as sempre infalíveis estatísticas, os docentes brasileiros possuem remuneração compatível com a realidade empregatícia nacional, o articulista conclui que os sistemas públicos se tornariam mais eficazes se "conseguissem criar um ambiente mais positivo e estimulante". O exemplo estaria nas escolas privadas, em que os professores, com "níveis salariais parecidos", estão contentes.
O mais estimulante seria então a tal cenoura tentadora do bônus? Moura Castro não afirma nem nega. Menciona outro tema: o da gestão. "Como a escola tem a cara do diretor", dependeria então desse gerente do ensino, digamos assim, valorizar os professores, motivá-los, com bônus ou sem bônus. Mas se, na prática, os diretores são indicados pelo clientelismo dos governos locais ou, mediante concurso, estão politicamente compromissados de modo mais ou menos velado com estes mesmos governos, a escola desse diretor dificilmente terá a cara dos professores nem dos alunos que lá estão.
A propósito, recomendo que economistas e sociólogos que se autoproclamam especialistas em educação leiam outro uspiano (antes de se fecharem as faculdades de Educação): o pesquisador Vitor Henrique Paro, sobre a eleição de diretores em escola pública como experiência democrática de grande valor.
Nenhuma palavra da secretária e do articulista sobre a iniciativa do governo federal de estipular o salário mínimo dos professores em 850 reais, o que significará um aumento de quase 50%. Não concordam eles com o ministro Fernando Haddad? Salário, concordo eu com eles, não é tudo, mas, sem cuidar dos salários, tornando-os, inclusive, atrativos para melhores profissionais, o governo poderá jogar no sistema o dinheiro que bem quiser (contratar consultorias, investir em computadores, instalar câmeras para monitorar os alunos etc.), mas os problemas continuarão a se perpetuar.
Finlândia, o paradigma
O terceiro capítulo educacional dessa edição da Veja é assinado por Gustavo Ioschpe: "
Pelo direito à ruindade". Gustavo critica o MEC pela iniciativa, que considera "antiliberal", de averiguar melhor a qualidade do ensino superior (em particular as faculdades de direito e pedagogia), sob pena de fazer reduzir a oferta de vagas ou mesmo fechar o curso. Ora, não dissera a secretária de Educação que, se fosse possível, fecharia todas as faculdades de pedagogia, mesmo as que têm a melhor avaliação? Não são essas faculdades que prejudicam a escola, transmitindo baboseiras ideológicas em lugar de ensinar os professores a serem professores?
A contradição é só aparente. No momento em que as faculdades de pedagogia estivessem todas fechadas, sobretudo as públicas, mais críticas, menos dóceis ao mando, tudo recomeçaria do zero. Ou ficaria tudo na estaca zero. Quem quisesse abrir fábricas de diplomas pedagógicos teria amplo direito de fazê-lo, sem maiores impedimentos ou muitas cobranças, como em outros tempos, e os professores formados nessas faculdades teriam o dever de superar sua posterior "ruindade", rezando pela cartilha da "pedagogia do bônus".
Estaria assim o mercado controlando as coisas ao seu modo: o famoso "salve-se quem puder".
Mas o espírito "vejiano" continua a dar lições sobre a arte de lecionar... Na edição desta semana (nº 2048, de 20/2/2008), a revista Veja publica a matéria "A melhor escola do mundo". Thomas Favoro, diretamente da Finlândia (país com características idênticas às do Brasil), revela o que podemos aprender em termos educacionais.
No quesito "salário", os professores finlandeses, infinitamente melhores do que nós, recebem cerca de 2.500 dólares/mês; nós embolsamos algo em torno de mil dólares/mês. Esclarece a matéria, em letras minúsculas, que se trata de professores do ensino fundamental com 15 anos de experiência.
Segundo o texto, e deve ser verdade, 100% dos professores finlandeses possuem o mestrado. Já no Brasil, somente 2%. Mas se depender da gestão do governador José Serra, essa disparidade continuará. Em meados do mês de janeiro de 2008, suspendeu-se o programa "Bolsa Mestrado" para os professores estaduais. O intuito deve ser viabilizar o tal bônus que aí vem!