sexta-feira, 30 de julho de 2010

Descaso pela educação


Vamos transcrever alguns trechos de um conto, do material que o Governo do Estado, acaba de entregar às escolas da rede pública.

Os bicos dos teus seios saltam desses mamilos marrons procurando minha boca enlouquecida.

Uma vez, o marido tinha dito, resfolegante no seu ouvido, logo depois de casada, minha linda bocetinha. E ela esfriou completamente, ficou dois meses sem gozar.

A tua boca engolindo inteiro o meu cacete e o meu creme descendo pela tua garganta, para te lubrificar inteira.

Num quarto cheio de espelhos, para que você veja como trepo gostoso em você, enfiando meu pau bem fundo,

Que fala em coxas úmidas como a seiva que sai de você e que eu procurei com meus beijos e com este pau que você suga furiosamente cada vez que nos encontramos, como ontem à noite, em pleno taxi, nem se importava com o chofer que se masturbava.

A carta dizia deixo champanhe gelada escorrer nos pelos da tua bocetinha e tomo embaixo com aquele teu gosto bom.

Sou mulher limpa. No entanto me pediu na carta: não se esfregue desse jeito, deixe o cheiro natural, é o teu cheiro que quero sentir, porque ele me deixa louco, pau duro. Repete essa palavra que não uso. Nem pau, nem pinto cacete caralho, mandioca, pica, piça, piaba, pincel, pimba, pila, careca, bilola, banana, vara, trouxa, trabuco, traíra, teca, sulapa, sarsarugo, seringa, manjuba.

Semana passada o maluco me escreve: Queria te ver no sururu, ia te pôr de pé no meio do salão e enfiar minha pica dura como pedra bem no meio da tua racha melada, te fodendo muito, fazendo você gritar quero mais, quero tudo, quero que todo mundo nesta sala me enterre o cacete.

Entrei em pânico quando senti que as pessoas poderiam me aplaudir, gritando bravo, bravo, bis, e sairiam dizendo para todo mundo: “sabe quem fode como ninguém? A rainha das fodas? Eu seria a rainha, miss, me chamariam para todas as festas. Simplesmente para me ver fodendo, não pela amizade, carinho que possam ter por mim, mas porque eu satisfaria os caprichos e as fantasias deles.

Te virar de costas, abrir sua bundinha dura, o buraquinho rosa, cuspir no meu pau e te enfiar de uma vez só para ouvir você gritar.









Mais uma remessa, do material didático, escolhido pelo governo estadual, que está sendo distribuída nas escolas, para ser entregue aos alunos do 3º ano do ensino médio para ser trabalhado pelos professores na sala de aula.

Sem desmerecer o talento ou a veia literária do autor referido, aprendemos e difundimos a idéia que existem obras que são ícones, e que muitos conhecem e até divulgam (vide Decamerão), porém em sala de aula, temos a incumbência de verbalizar corretamente, escrever corretamente, e ao darmos opiniões podemos formá-las ou deformá-las. Então causa espanto alguém criticar severamente uma obra em quadrinhos (Dez na área um na banheira e ninguém no gol), recomendado a priori para as escolas, e em seguida vilipendiado e achincalhado; sabemos que os educandos convivem com cenas e palavras mais torpes imaginadas até nos catecismos de (Zéfiro). Só que imagina se um professor de português sugerir a leitura ainda que silenciosa do texto referido, em salas mistas e cheias do vigor exacerbado da adolescência e juventude; o que ele poderá dizer se o educando recusar-se (temos educandos evangélicos, católicos e com formação familiar), que sentir-se-ão agredidos, vão fazer chacota, ainda mais se a pessoa a ministrar tal tarefa for uma professora.

O que sugiro é que haja mais critério na seleção do que se apresenta para ser trabalhado na sala de aula; pois, se ao nos tornarmos coniventes e usuários de termos chulos; perderíamos a credibilidade e o respeito que ainda pensamos que temos, junto a direção e a família dos aducandos, aos quais nos colocamos a frente diuturnamente para falar de valores, de aspectos morais civilidade e respeito. Existem fases adequadas a cada apresentação de atividades, atitudes e vivências, só que da mesma forma que não falamos aos nossos filhos na primeira idade, como é o processo da fertilização humana (seria denso demais e de difícil assimilação), então existem textos brilhantes e menos agressivos desse autor para ilustrar os exercícios de escrita e literatura.

Se for inevitável que as palavras de baixo calão e os palavrões proliferem, que sejam nos estádios de futebol, nas brigas, agressões e no submundo da bandidagem e nas zonas do baixo meretrício.

Não sugerimos, vejam bem, que não devamos tapar o sol com a peneira; falar de coisas que existem, não tão belas, não tão puras, mas saber usar o exercício da profissão de educador e a eloqüência que é peculiar ao professor, para tornar o dia a dia mais coerente com os desígnios da raça humana, do ser pensante, do racional que devemos ser!

Da mesma forma que a edição em quadrinhos, tem o seu valor gráfico e literário (já houve obras de autores internacionais consagrados), também criticadas e repudiadas; everia haver mais critério na seleção e escolha desses materiais, e a que público se destina, faixa etária e seriação escolar.

O livro encaminhado para uso do 3º ano do ensino médio, é uma seleção de textos brilhantes e criativos que aguçam e fazem a imaginação voar; só que os textos selecionados deveriam ser lidos e pensados como material para o público a que se destina.

Para adultos ou professores com opinião e gosto por autores primorosos modernos ou não, já é

outra história; existem materiais que poderiam render mais, sejam histórias em quadrinhos ou literatura, ou qualquer outra forma de material que transforme a sala de aula num lugar agradável e repleto de bom senso.

Porque não oferecer aos professores da rede pública, que trabalham junto a comunidades, a oportunidade de selecionarem, compilarem e apresentarem materiais para o desenvolvimento das aptidões e conhecimento dos educandos. Se esses profissionais pudessem indicar, projetar e responsabilizar-se por essas inovações (que após serem analisadas, aceitas, reconhecidas e gratificadas), creio que, haveria com certeza, material mais coerente com os ciclos e com o público alvo; e o investimento seria muito menor, em vista da satisfação do mestre escolhido, valorizado e orgulho dos educandos, que teriam próximo de si o amigo, o profissional que lutou e luta pelo reconhecimento e aceitação dos seus talentos!

João Arlindo Teixeira e Denis Basílio de Oliveira - Arte-educadores





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